sábado, 1 de março de 2025

HISTÓRIA

Primeiros Nomes do Assú - PARTE II


Arraial de Santa Margarida 
O levante indígena contra os colonizadores tem maior intensidade com a rebelião denominada Guerra dos Bárbaros.
 Informa Taunay que Manoel de Abreu Soares, chegando à Ribeira do Assú, acampou num lugar chamado Olho D’água e depois em Poço Verde, onde construiu estacada (Atualmente, ainda subsistem esses topônimos, o primeiro no rio dos Cavalos e o outro na margem esquerda do rio Assú). Encontrou-se destruído, o arraial fundado pelo pessoal ligado a João Fernandes Vieira, “cujas casas os índios saquearam, tendo feito grande mortandade de gente e animais”. Depois de sepultados os ossos, encontrados ao relento, Manoel Soares seguiu na pista dos índios, que foram localizados em Mossoró onde tinham ido abastecer-se de sal. Travado intenso combate morreram dois homens da tropa, ficando um ferido, ocorrendo uma grande matança de índios, que se dispersaram.
Os remanescentes do grupo indígena refugiaram-se no seu valhacouto do Carrasco, de onde voltaram, incendiando o antigo arraial e atacando o fortim de Abreu Soares, dali distante uma légua.
Resolveu, então, Abreu Soares acampar em local distante seis léguas acima do arraial destruído, tendo iniciado a construção, à margem esquerda do rio Assú, de uma Casa-Forte para proteção das tropas contra as arremetidas dos tapuias.
Esclarece Santos Lima que os locais do Arraial e da Casa-Forte, ainda hoje são denominados pela população.
Naquela Casa-Forte, Abreu Soares permaneceu por quatro meses, sem que se verificassem ataques dos índios, tendo o mesmo regressado a Natal, ficando como substituto, no comando o Sargento-mor Manoel da Silva Vieira.
Na ausência do Capitão-mor Abreu Soares, os índios voltaram à carga, sendo repelidos pelo sargento-mor, ficando as tropas aquarteladas na casa-forte, porém sem condições de perseguir o inimigo. O capitão-mor regressou ao Assú, pelo início de 1687, e ali chegando perseguiu os selvagens durante 25 dias, desbaratando-os já no Ceará. Aprovisionou-se de alimentos retornando ao Assú numa longa viagem que durou três meses. (Índios do Assú e Seridó - Olavo de Medeiros Filho, 1984: 118).
De fato, para o colonizador, a guerra assumiu proporções perigosas e desastrosas. Uma carta do senado da Câmara de Natal, datada de 23 de fevereiro de 1687, dirigida ao Governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior, dava conta que só no Assú os povos indígenas do grupo Tapuia:

“já tinham morto de cem pessoas, escalando os moradores, e destruindo os gados e lavouras, de modo que, já não eram eles os senhores daquelas paragens, que a fortaleza se achava sem guarnição, não dispunha de recursos necessários para acudir os pontos atacados.” (Pires, 2002; 67/78).

No dia 20 de julho de 1687 a região do Assú é denominada de ARRAIAL DE SANTA MARGARIDA. Em plena efervescência da Guerra dos Bárbaros, ou levante do Gentio Tapuia, o Capitão-Mor Manuel de Abreu Soares fundou o Arraial.
Acampou, nesta data, na fralda de uma colina arenosa, à margem esquerda de um braço do rio Assu, lugar onde se diz fora o principal alojamento dos índios, conhecidos por Taba-Assú, a cerca de 2 quilômetros da Casa-Forte pelo lado sul”. (Medeiros, 1984; 119).
A origem do nome do novo arraial, batizado com o nome de Santa Margarida, deu-se em decorrência de coincidir a data da chegada de Abreu Soares ao Assú, vindo do Ceará, com o dia em que era festejada aquela santa pelos católicos.   
O arraial começou a dar ares de desenvolvimento ao tempo em que continuavam os ataques dos selvagens. Foram feitos muitos sacrifícios de vidas e de haveres para a completa exterminação dos rebelados, passando, após a criação da freguesia (1726), a ser conhecido pela denominação de Povoação de São João Batista da Ribeira do AssúOs Janduís, apaziguados, foram aldeados no arraial com seus missionários. 

Fonte: Assu - Dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro.
Foto ilustrativa: históriarn.blogspot.com

quinta-feira, 17 de outubro de 2024

HISTÓRIA

 Primeiros nomes do Assú - PARTE I

TABA-ASSÚ

Na visão do historiador Luiz da Câmara Cascudo “O nome popular, real, lógico é o Assú, valendo o rio condutor das atividades. Taba-Assú é uma imagem literária sem fundamento histórico”. 

Um dos primeiros relatos da existência de índios na região do Assú é feito por Ferreira Nobre. O historiador Nestor dos Santos Lima, no seu livro ‘Municípios do Rio Grande do Norte’, editado em 1937, cita Manuel Ferreira Nobre que em seu trabalho “Breve notícia sobre a Província do Rio Grande do Norte”, publicado em 1877, em Vitória-ES, afirma que: “... no ano de 1650, uma tribo de numerosos índios levantou os fundamentos da cidade, (do Assú), dando-lhe o nome de TABA-ASSÚ, que quer dizer Aldeia Grande”.

O Assú era povoado, por volta de em 1650, por numerosos íncolas selvagens, chamados Janduís, que formavam uma grande tribo, cujos acampamentos estendiam-se do Vale do Assú à ribeira do Mossoró.

Guerreiros. Cultivavam a força física da sua raça por meio de contínuos exercícios e treinamentos, correndo duas léguas a fio carregando grandes pesos às costas, realizando torneios de força e agilidade onde os vencedores recebiam em prêmio as mais lindas donzelas da tribo.

Toda a nação tomou o nome do grande chefe Janduí. Alimentavam-se de frutas, mel e raízes. Não tinham plantações. Não trabalhavam.

Era aqui (Assú) a sua grande aldeia ou taba, denominada ‘Taba-Assú’, que quer dizer ‘Aldeia Grande’. (Assú - Pedro Amorim, 1929; 03).    

        Conforme documentos pesquisados, quase sempre que se encontra algum documento com alusão ao nome da Taba, a grafia está separada com hífen, com dois esses e acento agudo no “U”. Há uma afirmação do mestre Câmara Cascudo que discorda da existência do elemento "Taba" na denominação Taba-Assú. Portanto, pelo que se foi estudado, nenhum outro historiador discorda deste fato. Sem polemizar, é coerente dar maiores créditos à maioria que defende a existência da palavra e da Aldeia Taba-Assú, de onde vem a origem da concepção primitiva do nome da povoação.

Fonte: Assú - Dos Janduís ao Sesquicentenário - Ivan Pinheiro.
Mapa ilustrativo: Wikipédia 

domingo, 8 de setembro de 2024

REMINISCÊNCIAS:


 
 
João Batista o meu abraço,
muito amigo, cordial,
Eu lhe envio neste dia,
Do seu ditoso natal.
 
O seu nome neste dia,
Muito relembra de certo,
João Batista, grande Santo,
O Pregador do deserto.
 
Que ele o Santo Profeta,
Que é da virtude o troféu,
Sobre você chova bênçãos,
Do seu trono, além do céu.

Seja bom, estudioso,
Deus de amor o acompanhe,
Seja na vida o conforto,
Da sua extremosa mãe.

Receba pois, amiguinho,
Meu sincero parabéns,
Lhe desejo mil venturas,
Pois lhe quero muito bem.

O seu prazer é bem justo,
Sua data é promissora,
E a Virgem do Rosário,
Zele o seu aniversário,
Pede à Deus a professora.


Sinhazinha Wanderley, 24/10/1942
Fonte: A saudosa Tereza Ferreira (filha do homenageado).

quarta-feira, 27 de março de 2024

POESIA

FACES SEM SORRISO

Menino qual o teu nome
Que tens uma angústia louca?
Foi o cabresto da fome
Que amordaçou minha boca,
Pois no meu nome senhor
Só há desespero e dor,
Tristeza e desolação,
O meu nome nada importa
Fico a soleira da porta
Pedindo a esmola de um pão.

E aquele rapaz, quem é
Que está ao pé do serrote?
É o meu irmão José
Que foi dar água ao garrote;
Chega José paciente,
Senta-se ao mesmo batente,
Vago olhar amortecido,
Na palidez do seu rosto
Tinha a força do desgosto
De um jovem desiludido.

O André chega também,
Antônio, Ambrózia e Tereza
Cada rosto uma tristeza,
Só alegria não vem
A pobre mãe numa rede
Embala o pé na parede
O filho mais pequenino,
Dois ou três meses de idade
Mais é na realidade
Vítima do mesmo destino.

Esse pequeno inocente
Sem brilho nos olhos seus
Sofre por culpa de Deus?
Não. Culpa dos homens somente,
Os homens sim, são culpados
Que aos filhos dos desgraçados
Lançam os grilhões da miséria
De Deus, não, a culpa é deles
Como se não fossem eles
Filhos da mesma matéria.

Autor: Francisco Agripino de Alcaniz - Chico Traíra.
Fonte: Espinhos e Flores da Minha Terra/1986.
Ilustração: Pintura de Bartolomé Esteban MURILLO - conhecida como "o jovem pedinte" (c. 1650).

segunda-feira, 25 de março de 2024

CAUSO

Meu cunhado Canindé Barbosa quando está bêbado só fala chiando. 

Certa vez, estávamos numa confraternização em família quando Ceiça sua irmã, já invocada com aquela chiadeira, disse: 

- Canindé, toda palavra você só fala chiando, não é? Pois eu duvido você pronunciar a palavra NÃO, chiando! 

Canindé, sem pensar duas vezes, arrematou: 

- Not

Livro: Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro

Imagem Ilustrativa 

sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

TROVA ASSUENSE

POBREZA

PObreza, mísera peça,
Soluços, prantos, ruína;
Té a palavra começa,
Por onde tudo termina.

Poeta: Luís de Macedo Filho

sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

REMINISCÊNCIAS

PERSONALIDADE ASSUENSE

OTAVIANO CABRAL RAPOSO DA CÂMARA nasceu a 15 de janeiro de 1819, na fazenda Arraial, de propriedade do seu avô, coronel Jerônimo Cabral de Oliveira, no município de Assu, hoje Carnaubais. Foram seus pais: o coronel Gabriel Soares Raposo da Câmara e dona Francisca Cabral de oliveira. Bacharel pela Faculdade de Direito de Olinda, em 1843. Chefiou o Partido “Nortista”, depois “Conservador”, em cuja agremiação política teve destacada influência, chegando a exercer o cargo de Deputado Provincial em seis legislaturas: 1852-1853, 1860-1861, 1862-1863, 1864-1865, 1866-1867 e 1870-1871.
Otaviano Cabral representou, também, o Rio Grande do Norte, na Câmara Temporária ou Assembleia Geral do Império (o cargo atual de Deputado Federal) nas legislaturas de: 1853-1856 e 1869-1872, sendo que esta última, por decreto de 18 de julho de 1872, foi dissolvida.
Na qualidade de 1º Vice-presidente da Província do RN, nomeação de 02 de julho de 1853, assumiu o Governo de 19 de maio a 18 de junho de 1858, e, com a mesma nomeação como 3º Vice-presidente, governou de 17 de fevereiro a 22 de março de 1870.
Otaviano fez parte de uma delegação da Câmara Municipal de Natal, em 1869, para cumprimentar Sua Majestade o Imperador à sua chegada em Recife. Advogado e tribuno político, a sua atuação foi notável, exercendo, também, destacado relevo no jornalismo provinciano. Ligado aos seus irmãos Jerônimo, Gabriel e Leocádio, “Os Cabrais”, como era chamado o grupo Saquaresma, formava uma arregimentada corrente política com acentuada preponderância nos destinos administrativos do Estado.
Foi Procurador Fiscal da Tesouraria Provincial, de 31 de agosto de 1870 a 15 de junho de 1872 e exerceu, também, o cargo de Inspetor da Tesouraria quando, a seu pedido, foi exonerado.
Homem de espírito culto e progressista, Otaviano Cabral fundou, em parceria com outros, em 1854, em Natal, a Sociedade Teatral Apolo Rio-Grandense. Por sugestão do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, no ano de 1930, a Prefeitura Municipal do Natal, em louvor aos seus méritos, ligou seu nome a uma rua.
OTAVIANO CABRAL RAPOSO DA CÂMARA faleceu, no município de Bonito, no estado de Pernambuco, no ano de 1872.
Como foi possível observar, mostramos mais um assuense que chegou ao topo da governabilidade estadual, ou seja, foi Governador do Rio Grande do Norte, na época em que era Província.
   
Fonte: Titulados do Assu - Francisco Amorim