OS REIS DOS ÍNDIOS JANDUÍS
Os cronistas do período holandês no Brasil se admiraram com a longevidade dos tarairiús, principalmente a do Rei Janduí que, conforme escreveram, “gozava do conceito de contar 160 anos (...) capaz de conduzir um tronco de carnaúba aos ombros, em plena carreira”.
Janduí ou Nhandu-i, na língua tupi, quer dizer “pequena ema” ou “o que corre muito”. Janduí foi líder do grupo étnico / cultural Tarairiú; foi o rei dos tapuias quando sua principal aldeia ficava nas imediações da cidade do Assú.
Janduí foi sucedido por seu filho Canindé que liderou os tapuias nas últimas décadas do século 17; rompeu com os portugueses e iniciou um conflito com suas tribos saqueando os colonos, matando o gado e incendiando as fazendas no Vale do Assú/Piranhas, que resultou na vinda de sucessivos Terços Paulistas para combatê-lo.
O Rei Canindé comandava 22 aldeias entre o Rio Grande e Pernambuco, com cerca de 15.000 habitantes. 5.000 deles eram guerreiros hábeis, “experientes em armas de fogo”.
Canindé, para os portugueses, era o terrível e feroz adversário, sendo que eles, os portugueses, é que eram os invasores. Para o seu povo, Canindé era o herói que tentava manter o seu território, seus rios e suas caças. E, 1690 ele foi preso no sertão Acauã, juntamente com outros 9 “maiorais”, por Cristovão de Mendonça, sargento-mor das tropas de Domingos Jorge Velho.
Em 1692, foi firmado um "Acordo de Paz" entre Canindé, o rei dos Tapuias e D. Pedro II, rei de Portugal. Nesse mesmo ano, Canindé e parte do seu povo, já reduzidíssimo, receberam “suas terras”, no rio Jundiá-Pereba ou Jundiá-Perereba. Atualmente esse lugar se chama Jundiá de Cima, no município de Várzea no Rio Grande do Norte.
Em 1695, morreu Canindé, de febre-amarela. O então capitão-mor do Rio Grande, Bernardo Vieira, que havia aldeado os Janduís, noticiou ao rei de Portugal: “(...) Depois que dei conta a Vossa Majestade (...) assituado o gentio Canindé, sucedeu (...) o achaque de maleitas, do qual morreram sete crianças, e juntamente o seu principal Canindé...”.
Portanto, caros leitores, este foi um breve relato sobre estes dois líderes indígenas que habitaram a nossa região.
Esta narrativa baseada em trechos do livro Um Rio Grande e Macau – Cronologia da História Geral do historiador Getúlio Moura. Por sinal, quero parabenizar o Getúlio Moura pela bela obra.
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