BODEGAS
Foto Ilustrativa - https://luizberto.com/a-bodega/
Ivan PinheiroEm Assú, quase todos
os bairros e comunidades rurais possuíam uma bodega – ponto comercial da
localidade. O proprietário da bodega, geralmente era também dono de terras. Era
o afortunado do lugar. No entanto, vendia mais fiado do que a vista. O bodegueiro
na maioria das vezes também comprava cereais, algodão, couros de ovinos e
caprinos. Era comum os habitantes do lugar venderem seus produtos e, ao mesmo
tempo, com o dinheiro da venda, adquirirem as mercadorias que necessitavam para
a manutenção da família. Em ano de seca, praticamente não havia compra de
produtos agrícolas, por inexistência de safra.
As mercadorias para
abastecer as Bodegas eram compradas na feira do Assú, em Mossoró ou no brejo da
Paraibano. A farinha, o milho e o feijão eram vendidos em medidas feitas de
madeira: meio litro, litro, meia cuia e cuia. A meia cuia equivalia a cinco
litros, enquanto a cuia correspondia a dez litros. O querosene era vendido no
varejo em litro, garrafa ou meia garrafa. Na bodega, havia um tambor ou uma
lata com torneira, no qual se despejava, pela tampa superior, uma lata de
querosene, para ser revendida na quantidade solicitada pelo freguês.
As
farinhas em grosso bem como os garajais de rapaduras vinham do vizinho Estado
da Paraíba. Até a década de setenta, no sertão, o consumo de rapadura era
intenso. Esse produto era a sobremesa do sertanejo. Em certas famílias, a
rapadura era utilizada em lugar do açúcar, por ser mais barata e, talvez,
porque fosse mais apreciada que esse outro alimento. A pessoa, com o auxílio de
uma faca, transformava a rapadura sólida em raspa para adoçar café, leite,
coalhada e outros alimentos. Além disso, a rapadura era também utilizada para
se fazer mel ou como ingrediente na fabricação de doces e cocadas. O mel da
rapadura era muito apreciado com farinha.
Na
bodega, que eu lembre, de imediato, era vendido: farinha, rapadura, açúcar
branco e preto, arroz da terra, fósforo, querosene, óleo em retalho, carne de
jabá e geralmente no final de semana o bodegueiro matava um porco, salgava e
passava a semana vendendo, inclusive o toicinho, que servia de óleo para fritar
peixe, ovos e também ser colocado no feijão para dar o gosto.
Se
fosse possível mostrar, através de um retrovisor do tempo a vida campestre de outrora,
certamente nossos jovens não seriam tão exigentes.Subsídios colhidos no livro Memórias Campestres -
Ernandes da Cunha.
Na
bodega, que eu lembre, de imediato, era vendido: farinha, rapadura, açúcar
branco e preto, arroz da terra, fósforo, querosene, óleo em retalho, carne de
jabá e geralmente no final de semana o bodegueiro matava um porco, salgava e
passava a semana vendendo, inclusive o toicinho, que servia de óleo para fritar
peixe, ovos e também ser colocado no feijão para dar o gosto.